Movimento Sindical Juros Altos

Movimento sindical bancário adere às manifestações para exigir taxação dos super-ricos

10/07/2025

Atos, organizados pela CUT e outras entidades que compõem a Frente Brasil Popular e Povo sem Medo, acontecerão em várias capitais do país; veja os locais nesta matéria

Nesta quinta-feira (10), milhares de trabalhadores e trabalhadoras realizarão protestos em várias capitais do país para pressionar o Congresso Nacional a aprovar projeto de lei que prevê isenção de Imposto de Renda (IR) para quem ganha até R$ 5 mil por mês e aumento da taxação para quem ganha acima de R$ 600 mil por ano. A proposta, de autoria do governo federal, prevê ainda descontos do IR aos trabalhadores que ganham até R$ 7 mil por mês.

Os protestos estão sendo organizados pela Central Única dos Trabalhadores (CUT) e outras entidades que compõem a Frente Brasil Popular e o Povo sem Medo. O movimento sindical bancário também irá aderir às manifestações. "É muito importante, esse projeto de lei, que é um compromisso de campanha e um compromisso que beneficia a classe trabalhadora. Só entre os bancários e bancárias, 54 mil ficarão completamente isentos e outros 68 mil terão redução do imposto de renda", explicou, durante uma entrevista ao ContrafCast, Juvandia Moreira, presidenta da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT) e vice-presidente da CUT Nacional. 

Veja a seguir a lista das capitais, com os horários, onde ocorrerão os atos:

  • São Paulo-SP • 18h - MASP;
  • Fortaleza-CE • 16h - Estátua de Iracema;
  • Belo Horizonte-MG • 17h - Praça 7;
  • Rio de Janeiro-RJ • 17h - Bolsa de Valores do Rio;
  • São Luís-MA • 16h - Praça Deodoro;
  • Curitiba-PR • 18h - Estação Tubo Central;
  • Brasília-DF  • 16h - Rodoviária do Plano piloto (Plataforma superior)
  • Aracaju- SE  • 16h - Praça General Valadão- Centro

Pelo fim da desigualdade

Um estudo da Oxfam Brasil, organização britânica de combate à desigualdade, revela que os pobres pagam, proporcionalmente, três vezes mais impostos que os 0,15% mais ricos da população brasileira (e que concentram R$ 1,1 trilhão em renda no país).

Ainda, segundo o levantamento, a concentração extrema de renda revela "um forte viés de raça e gênero". Com base na PNAD 2024, a Oxfam aponta que, entre os 0,1% mais ricos do país (pessoas com renda média anual de R$ 6 milhões), apenas 19% são mulheres e 20% pessoas negras. Por outro lado, entre os mais pobres, as mulheres negras são as mais prejudicadas com a carga tributária. "Como o sistema prioriza tributos sobre o consumo, os mais pobres destinam uma parcela maior de sua renda ao pagamento de impostos, enquanto elites econômicas usufruem de isenções e benefícios fiscais. Mulheres negras representam 65,18% do grupo situado no 4º decil de renda, mas apenas 8,86% alcançam o 10° decil, revelando como a tributação regressiva perpetua desigualdades estruturais", diz a entidade em um dos trechos do relatório "Arqueologia da regressividade tributária no Brasil".

O impacto do PL em disputa no Congresso

Desde meados de março, tramita na Câmara dos Deputados o Projeto de Lei nº 1.087/2025, de autoria do governo federal, para que pessoas com renda mensal de até R$ 5 mil tenham isenção total e pessoas com renda de até R$ 7 mil isenção parcial do Imposto de Renda. Caso seja aprovado, estima-se que 10 milhões de brasileiros serão somados à atual faixa de contribuintes isentos do IR. O governo também afirma que o PL ampliará para 90% o percentual de contribuintes isentos e com descontos parciais no IR.

Para compensar a perda de receitas com o aumento de isentos e dos que terão descontos no IR, o governo propõe um imposto mínimo de até 10% para quem ganha mais de R$ 50 mil/mês (ou 600 mil/ano) - o que atingiria somente 141,1 mil brasileiros ou 0,13% dos contribuintes. Mas é justamente por causa deste ponto, sobre o aumento aos mais ricos, que a proposta passou a sofrer resistência no Congresso.

Como forma de atacar o PL, grupos têm utilizado a grande imprensa e redes sociais para propagar que o aumento de impostos para os mais ricos irá prejudicar a economia. Mas análises apontam exatamente o contrário, ou seja, que a economia será beneficiada, porque a população afetada pela isenção ou desconto no imposto de renda terá mais dinheiro no bolso. Uma nota técnica publicada pela Consultoria de Orçamento e Fiscalização Financeira, da Câmara dos Deputados, estima um impulsionamento de, pelo menos, R$ 10 bilhões no consumo agregado, isso no curto prazo.

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