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Greve das 6 horas transformou a Caixa e garantiu direitos aos empregados

30/10/2025

Mobilização histórica de 1985 paralisou, por 24 horas, 100% das atividades na Caixa

Em 30 de outubro de 1985, há 40 anos, os empregados da Caixa Econômica Federal protagonizaram uma das maiores mobilizações trabalhistas da história do Brasil. Conhecida como a Greve das 6 horas, a paralisação marcou o primeiro movimento nacional dos trabalhadores da Caixa, simbolizando não apenas uma luta por direitos, mas também um ato de resistência em meio à transição do país da ditadura militar para a democracia.

A origem da mobilização

O movimento começou a se formar no início da década de 1980, quando novos concursos e políticas internas criaram desigualdades salariais e insegurança entre os empregados. “As empregadas e empregados da Caixa ainda não eram reconhecidos como bancários, trabalhavam oito horas diárias e estavam impedidos de se organizar sindicalmente”, lembrou a empregada da Caixa e secretária de Formação da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), Eliana Brasil.

O 1º Conecef e a decisão pela greve

O ponto de virada ocorreu durante o 1º Congresso Nacional dos Empregados da Caixa (Conecef), realizado em 20 de outubro de 1985. Ali, representantes de todo o país deliberaram pela greve nacional de 24 horas, marcada para o dia 30. A adesão foi total (100% de paralisação), um feito histórico que unificou a categoria em torno de dois objetivos centrais: a redução da jornada para 6 horas diárias e o direito à sindicalização.

Nas ruas e no Congresso Nacional

Dias antes da paralisação, em 21 de outubro, milhares de empregados da Caixa marcharam em Brasília gritando palavras de ordem, levando faixas e entregaram reivindicações ao Congresso Nacional. O ato pressionou o governo e demonstrou a força política dos economiários, como eram chamados as empregadas e empregados da Caixa. A mobilização ganhou apoio de parlamentares e entidades trabalhistas, e, em tempo recorde, o Congresso aprovou a tramitação, em regime de urgência, do projeto de lei que garantia as 6 horas diárias e o reconhecimento dos empregados da Caixa como bancários.

A conquista histórica

O resultado veio em dezembro de 1985: a lei foi sancionada em 17 de dezembro e passou a vigorar em 1º de janeiro de 1987, consolidando a jornada de 6 horas e o direito à sindicalização. A conquista representou não apenas uma vitória trabalhista, mas também um passo importante na redemocratização do país, ao restituir aos empregados da Caixa dignidade, cidadania e voz coletiva.

Os desafios de hoje

Quatro décadas depois, o movimento de 1985 segue como símbolo de unidade e resistência. Entretanto, a categoria enfrenta novos desafios: a manutenção da jornada de 6 horas e a contratação de mais empregados, diante do déficit de pessoal e da sobrecarga de trabalho, especialmente quando a Caixa é chamada a executar políticas públicas e programas sociais do governo federal.
“Precisamos preservar as conquistas de 1985 e relembrar que os direitos só se mantêm com organização e luta”, disse o coordenador da Comissão Executiva dos Empregados (CEE) da Caixa, Felipe Pacheco. “Constantemente somos chamados a trabalhar aos sábados para atender a demanda criada pelos programas sociais do governo federal. Não nos recusamos a dar nossa contribuição para que a Caixa cumpra seu papel social, mas precisamos receber pelo trabalho realizado e termos nosso esforço reconhecido. No entanto, por vezes, o que acontece é a cobrança abusiva de metas de vendas de produtos, descomissionamentos injustificados e a imposição de tarefas e normativos operacionais sem ao menos uma comunicação prévia. Isso não pode acontecer”, completou Felipe.

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Veja vídeo sobre a Greve das 6 Horas

 

Fonte: Contraf-CUT

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