Condições de trabalho agravam problemas de saúde no Santander
26/07/2013 - Por Bancários CGR
A falta de funcionários, a sobrecarga de serviços, as metas abusivas, o  assédio moral e a insegurança estão agravando os problemas de saúde dos  trabalhadores do Santander. Vários colegas estão tomando remédios de  tarja preta. Outros estão adoecendo e vários se encontram afastados do  trabalho. Os trabalhadores não aguentam mais essa situação de descaso do  banco.
 
 O diagnóstico foi feito na tarde desta quinta-feira (25) por dirigentes  da Contraf-CUT, federações e sindicatos, durante o Fórum de Saúde e  Condições de Trabalho do Santander, em São Paulo. Trata-se de um espaço  de debates, previsto na cláusula 24ª do acordo aditivo à convenção  coletiva. Também participou o secretário de Saúde do Trabalhador da  Contraf-CUT, Walcir Previtale.
 
 "Mostramos aos representantes do Santander a necessidade de acabar com  as condições precárias de trabalho, sobretudo na rede de agências, e  agora esperamos que o banco traga soluções que atendam as reivindicações  dos bancários na reunião do Comitê de Relações Trabalhistas (CRT), que  ocorre na próxima segunda-feira (29)", afirma o secretário de imprensa  da Contraf-CUT, Ademir Wiederkehr. 
 
 Condições de trabalho 
 
 
Os representantes dos trabalhadores discutiram as propostas de saúde e   condições de trabalho que constam na pauta específica de reivindicações,  aprovada no Encontro Nacional dos Dirigentes Sindicais do Santander,  realizado nos dias 4 e 5 de junho, em São Paulo.
 
 As condições de trabalho no banco são assustadoras, pioram e se  deterioram dia a dia. No ano passado, houve corte de 572 postos de  trabalho. No primeiro semestre deste ano, segundo informações enviadas  pela maioria dos sindicatos para a Contraf-CUT, o banco demitiu 2.604  funcionários, dos quais 1.820 sem justa causa. 
 
 "Essas demissões acontecem, principalmente, em razão da política de  redução de custos, fusão de agências e a eliminação de cargos/funções,  como o de coordenador de atendimento", denuncia o diretor do Sindicato  dos Bancários de São Paulo, Marcelo Gonçalves.
 
 Foi denunciada a prática do assédio moral para o atingimento das metas  abusivas. Um ato público foi realizado ontem (24) em frente à agência  Liberdade, na capital paulista, onde fica o diretor de rede, que é  responsável pelas regiões Leste SP, ABC e Baixada Santista. 
 
 "Essa situação é cruel e desmotiva os funcionários, sendo também  prejudicial para os negócios do banco. Não é à toa que o Santander  liderou, pelo quinto mês consecutivo, em junho, o ranking de reclamações  do Banco Central", aponta Marcelo. 
 
 "Não vamos resolver os problemas de saúde se não melhorarem as condições  de trabalho", alerta a diretora do Sindicato dos Bancários de São  Paulo, Vera Marchioni.
 
 A exposição do ranking individual dos funcionários, apesar de proibido  pela convenção coletiva, continua sendo feita em várias regiões, como em  Araçatuba (SP). "Esse procedimento não pode continuar, pois é um  desrespeito aos bancários", afirma o diretor da Feeb SP-MS, João Carlos.
 
 O descaso é tão grande que tem caixas levando chaves da agência e do  cofre para casa. "Em vez de eliminar riscos, o banco está expondo até os  caixas. Queremos o fim da guarda das chaves pelos bancários, mediante a  contratação de empresas especializadas de segurança para fazer a  abertura e fechamento das agências ou a utilização de dispositivos de  controle remoto para fazer esse procedimento, a fim de prevenir assaltos  e sequestros e proteger a vida dos funcionários e seus familiares",  destaca Ademir.
 
 "Como se não bastasse, ainda há casos de estagiários e aprendizes que  possuem metas, o que é um absurdo", protesta o representante da  Fetrafi-RS, Bino Kohler. O banco ficou de avaliar uma forma de orientar a  rede de agências sobre essa medida irregular.
 
 Planos de saúde
 
 Os dirigentes sindicais defenderam novamente a proposta de manutenção  dos planos de saúde na aposentadoria, nas mesmas condições de cobertura  assistencial de que o funcionário gozava quando da vigência do contrato  de trabalho, mediante o pagamento de mensalidade correspondente ao valor  que era descontado de seu holerite (contra cheque).
 
 Também foi ressaltado a importância de discutir a unificação da gestão  dos planos de saúde, buscando garantir a participação dos trabalhadores e  assegurar transparência, com acesso aos contratos e aos estudos  atuariais que subsidiam as decisões sobre pagamentos e contribuições.  Além disso, os bancários cobraram o recebimento de extratos mensais com  as despesas realizadas, a exemplo do procedimento já adotado há muitos  anos pela Cabesp.
 
 O banco se limitou a dizer que o assunto está sendo estudado.
 
 Os representantes dos bancários propuseram ainda que o banco estabeleça  meses fixos para quem quiser fazer upgrade e downgrade, facilitando o  planejamento e evitando transtornos. 
 
 Programa de retorno ao trabalho
 
 Os bancários reivindicaram um programa de reabilitação, cujo objetivo é  assegurar condições adequadas de reinserção do empregado no trabalho,  após encerramento de benefício previdenciário, de origem ocupacional ou  não.
 
 O banco prometeu que apresentará e discutirá o programa com o movimento sindical antes da sua implantação.
 
 Funcionamento das CIPAs
 
 Os representantes dos trabalhadores apresentaram ainda ao banco um  conjunto de garantias necessárias para o pleno funcionamento das CIPAs,  bem como o respeito aos cipeiros eleitos e as decisões tomadas nas  reuniões da CIPAs. 
 
 Garantir o pleno funcionamento da comissão significa avançar na  prevenção de acidentes e doenças decorrentes do trabalho, buscando a  preservação da vida e a promoção da saúde do trabalhador, de modo a  tornar o trabalho, direito fundamental do ser humano, em fonte de prazer  e não doenças.
 
 O banco ficou de analisar as propostas.
 
 Comitê de Relações Trabalhistas
 
 Na próxima segunda-feira (29), às 14h, ocorre nova reunião do Comitê de  Relações Trabalhistas (CRT), no prédio do ex-Banespa. Estará em  discussão a pauta específica de reivindicações, aprovada no Encontro  Nacional dos Dirigentes Sindicais. 
 
 No mesmo dia, às 10h, a Contraf-CUT realiza uma reunião da Comissão de  Organização dos Empregados (COE) do Santander, na sede da entidade (Rua  Líbero Badaró, 158 - 1º andar), no centro da capital paulista. O  objetivo é preparar os debates com o banco.
Fonte: Contraf-CUT
