Apesar do lucro de R$ 2,9 bi, Santander corta 2.290 empregos no 1º semestre
31/07/2013 - Por Bancários CGR
O balanço do 1º semestre de 2013 do Santander Brasil, que aponta um  lucro gerencial de R$ 2,929 bilhões, comprova o que a Contraf-CUT,  federações e sindicatos vêm denunciando desde o início do ano. Ao invés  das demissões em massa praticadas em alguns dias em dezembro de 2012,  quando cortou 975 postos de trabalho, o banco espanhol eliminou  gradativamente centenas de empregos, totalizando 2.290 nos primeiros  seis meses do ano.
 
 Apenas no segundo trimestre, o banco extinguiu 1.782 vagas. Em relação  ao seu quadro em junho de 2012, a redução foi de 3.216 funcionários.  Além disso, a rede de atendimento encolheu com o fechamento de 12  agências, 19 PABs  e 238 caixas eletrônicos.
 
 Essa realidade levou o movimento sindical a realizar em 11 de abril um  dia nacional de luta em protesto contra a falta de funcionários na rede  de agências. No entanto, o banco seguiu demitindo e ainda entrou com  ações judiciais contra várias entidades sindicais para tentar calar a  voz dos trabalhadores.
 
 "Esse modelo de gestão, baseado na redução de custos, através da  rotatividade e do corte de empregos, piorou ainda mais as condições de  trabalho e está na contramão da melhoria do atendimento aos clientes",  alerta o funcionário do banco e secretário de imprensa da Contraf-CUT,  Ademir Wiederkehr. Não é à toa que o banco liderou pelo quinto mês  consecutivo, em junho, o ranking de reclamações do Banco Central.
 
 "Cobramos o fim das demissões imotivadas, mais contratações e melhores  condições de trabalho, como forma de colocar em prática a ideia do novo  presidente do Santander, Jesus Zabalza, de fidelizar os clientes",  destaca o dirigente sindical.
 
 Lucro
 
 O lucro do primeiro semestre de R$ 2,929 bilhões representa uma queda de  9,8% em relação ao mesmo período de 2012 e de 7,2% no trimestre. 
 
 Todo esse lucro bilionário permite o atendimento das reivindicações da  Campanha Nacional dos Bancários 2013, cuja pauta foi entregue nesta  terça-feira (30) para a Fenaban, em São Paulo. "Esse resultado é fruto  do empenho e dedicação dos funcionários, que merecem respeito e  valorização", ressalta Ademir.
 
 Mais uma vez, no entanto, o lucro foi fortemente impactado pelas  despesas de provisão para devedores duvidosos (PDD). Apesar de reduzidas  em 5,4% em relação ao ano anterior, elas alcançaram R$ 7,366 bilhões. 
 
 Já o índice de inadimplência superior a 90 dias apresentou uma elevação  de 0,3 ponto percentual (p.p.) em um ano, chegando a 5,2% em junho de  2013. Contudo, houve uma queda de 0,6 p.p no trimestre. 
 
 O retorno sobre o patrimônio líquido anualizado foi de 11,4%, com queda de 2 pontos percentuais em 12 meses.
 
 Crédito
 
 Segundo análise do Dieese, entre os fatores que contribuíram para a  queda do lucro em termos anuais estão: a queda de 6,9% nas receitas das  operações de crédito (-1,4% no trimestre) e a redução nas receitas de  depósitos em 20,8% (nessa conta houve aumento no trimestre, de 7,9%,  reflexo das recentes elevações na taxa Selic). 
 
 A carteira de crédito ampliada atingiu o patamar de R$ 266,7 bilhões,  com crescimento de 9,0% em 12 meses e de 3,8% no trimestre. No segmento  de pessoa física, o crescimento foi de 5,0% em um ano, enquanto o  crédito para pessoa jurídica cresceu 8,6%, onde se destaca o crescimento  de 10% no segmento de grandes empresas, enquanto o crédito para  pequenas empresas, que apresentou expansão de 5,9% em um ano, teve queda  de 1,5% no trimestre. 
 
 Destaca-se, em pessoa jurídica, também, uma elevação de 60,5% no crédito  rural e o crescimento do crédito imobiliário em 14,5%. No segmento  pessoa física, o aumento do crédito imobiliário foi maior, atingindo  30,6% em um ano.
 
 Receitas de tarifas X despesas de pessoal
 
 As receitas de prestação de serviços e tarifas subiram 12,7% em relação  ao mesmo período de 2012, atingindo R$ 5,458 bilhões (alta de 2,2% no  trimestre). 
 
 As despesas com pessoal, por sua vez, tiveram queda 3,5% em 12 meses  (-1,0% no trimestre), somando R$ 3,488 bilhões, somando-se o pagamento  da PLR. 
 
 Dessa forma, as receitas de prestação de serviços mais as tarifas foram  suficientes para cobrir 156,5% do total de despesas de pessoal do banco.
 
 Maior participação no lucro mundial
 
 Apesar da queda nos lucros, o Brasil ainda representa 25% do resultado  global do banco espanhol. Em nenhum outro país, o Santander obteve lucro  maior, superando, inclusive, o ganho apresentado pela Europa  Continental, que respondeu por 24% do lucro no trimestre (ambos tiveram  queda de 1 p.p. nessa participação no período de abril a junho). 
 
 O lucro mundial da instituição totalizou 2,255 bilhões de euros em junho  de 2013, o que significa 29% superior ao que foi apresentado no  primeiro semestre de 2012, porém o resultado do trimestre (1,05 bilhão  de euros) foi 12,8% inferior ao 1º trimestre de 2013. Ainda assim, esse  ganho representa quase a totalidade do lucro do banco em 2012, que foi  de 2,295 bilhões de euros.
Fonte: Contraf-CUT com Dieese
